Mesmo quem considera
um ambiente muito familiar, pode cometer erros que comprometem a saúde e o
rendimento do treino. Para se livrar dessa roubada, confira os deslizes mais
comuns quando o assunto é malhação.
1. Montar o seu próprio treino
Essa prática é muito
comum entre os frequentadores mais assíduos. Como já treinam há algum tempo,
eles se sentem seguras a ponto de decidir qual o tipo de exercício é o mais
adequado para seus objetivos. Grande engano! “Nesse contexto, muita
gente só coloca em seu treino os exercícios que gosta ou aqueles que já deram
resultado um dia. Porém, acontece que nem sempre o que gostamos é o mais
indicado para nós e o que funcionou um dia pode não dar mais
resultado. Com o tempo, as necessidades do corpo vão mudando”, diz Rodolfo
Pavanelli, professor de musculação da Fórmula Academia e personal trainer (SP). Somente
um profissional saberá avaliar as demandas do seu corpo e apontar quando um
ciclo já se encerrou. Portanto, resista à tentação da autossuficiência e aceite
o auxílio do professor. Juntos, vocês podem chegar a um programa de exercícios
prazeroso e eficaz.
2. Correr na esteira com a postura encurvada
Esse erro é mais comum
para os novos praticantes, que ainda não se sentem muito à vontade ou seguras
no aparelho. Geralmente, eles permanecem com as mãos no apoio e a preocupação
em se segurar é tanta que nem se dão conta da postura incorreta. Correr ou
caminhar com as costas curvadas faz que a pessoa gaste mais energia do que
o necessário. Além disso, pode sobrecarregar alguns grupamentos musculares,
prejudicando o corpo e causando dores. Por isso, muita atenção: a ordem é
manter a coluna no lugar. Assim, a movimentação é natural, economiza-se energia
durante o exercício e ficamos mais à vontade e resistentes, permanecendo mais
tempo na esteira.
3. Pegar os pesinhos do chão sem flexionar os joelhos
Quando nos agachamos,
sem o cuidado de flexionar os joelhos, aumentamos muito a sobrecarga na
coluna vertebral e na musculatura que a sustenta. Dessa forma, a área fica
mais suscetível a lesões, que podem prejudicar até mesmo os discos
invertebrais, responsáveis por diminuir atritos e permitir maior mobilidade entre
as vértebras. “Por isso, o ideal é sempre levantar os pesos do chão
flexionando os dois joelhos e, de preferência, colocando uma perna à frente da
outra, para aumentar a distribuição do peso e reduzir a tensão sobre as
estruturas corporais”, alerta Bianca T. Ramallo Foschini, personal trainer
especialista em fisiologia do exercício (SP). Seus joelhos, que aguentam a
maior barra todos os dias, agradecem a gentileza!
4. Exagerar no peso na tentativa de acelerar os resultados
Quando o assunto é
atividade física, tudo é conquistado progressivamente. Afinal, é aos
poucos que nosso corpo vai se adaptando ao exercício, adquirindo maior
resistência e tendo a musculatura fortalecida. “O aumento das cargas deve ser
feito sem pressa, acompanhando a resposta do aluno ao exercício. Acelerar
esse processo pode lesionar músculos, tendões e ligamentos que não foram
devidamente preparados para tanto esforço”, sinaliza Bianca. Então, amigos, vão
com calma! O segredo, nesse caso, é a frequência e a qualidade no treinamento.
Nada de atropelar as coisas!
5. Pular o alongamento
Tem gente que não
suporta o estica e puxa do alongamento. E verdade seja dita: no começo, é meio
incômodo mesmo. Mas é justamente para evitar que a coisa piore lá na frente que
não dá para abrir mão dessa parte do treino. “Quando pedimos para o aluno
alongar, o foco é a flexibilidade, sem a qual fica difícil realizar
tarefas do dia a dia, como pegar algo que esteja no alto ou amarrar o tênis”,
explica Rodolfo Pavanelli. Essa habilidade, tão importante na rotina da gente,
vai se perdendo ao longo dos anos. “Se não a exercitamos, sofremos
encurtamentos que podem desencadear males como lombalgia e instabilidade
muscular.”
6. Compensar uma falta malhando em dobro no dia seguinte
“Um programa de
treinamento já é pensado no intuito de aproveitar ao máximo o rendimento
diário, sem ultrapassar os limites nem oferecer riscos à saúde. Portanto, não
é recomendado se exercitar em dobro, como forma de compensação”, diz Bianca
Foschini. A explicação é simples: o exagero pode desgastar muito a
musculatura que, fadigada, tem sua capacidade diminuída. Trocando em
miúdos: o rendimento cai e o risco de se machucar aumenta. Tome cuidado!
7. Não se hidratar adequadamente
Durante a realização
das atividades físicas, perdemos uma grande quantidade de água e sais minerais
por meio do suor. Essa perda é ainda maior se o treino for realizado em locais
quentes e úmidos. “Se não fizermos uma reposição hídrica adequada, entramos em
um quadro de desidratação, no qual ocorre diminuição do volume sanguíneo,
taquicardia, estresse térmico e sobrecarga nos rins. Os sintomas variam de
desmaio e vertigens até o estado de coma. É muito sério”, alerta Bianca
Foschini. Prevenir-se desse mal é fácil: ande sempre com seu squeeze a
tiracolo. Não é esforço nenhum, certo? Cá entre nós, nada como aliviar aquele
calor que nos consome quando estamos malhando com uma água bem geladinha. Além
de refrescante, não aumenta nenhuma caloria sequer!
8. Treinar mesmo com dor
Ao treinar, provocamos
microlesões na musculatura. Isso é normal. O intuito é que o corpo logo se
recupere e volte cada vez mais forte e resistente. No entanto, se essa
recuperação não ocorre, começa um processo inflamatório que causa dor. Eis
aí o sinal de alerta. Se continuarmos a forçar os músculos, sem dar o tempo
necessário para a recuperação, ele ficará cada vez mais debilitado. Muita
gente se arrisca, pois não vê muito prejuízo em um primeiro momento, mas, em
longo prazo, sofre lesões e pode ter de se afastar da academia. Nada de forçar
a barra, ok?
9. Treinar o mesmo grupamento muscular dias seguidos
Todo mundo que malha
tem um objetivo, seja ele, emagrecer, deixar as pernas bonitas ou definir o
abdômen. Mas não dá para trabalhar uma área apenas, até a exaustão, e
deixar as outras à deriva. Primeiro porque focar em uma área só causa um
grande desgaste da musculatura local e aumenta o risco de lesões. Segundo
porque, vamos combinar: de nada adianta exibir pernão e bumbum durinhos e,
quando for acenar para alguém, passar vergonha com a flacidez do “músculo do
tchau”. Bonito mesmo é um corpo harmonioso, que mostra cuidado e dedicação em
cada parte.
10. Iniciar o treino sem se aquecer
Ao contrário do que a
maioria pensa, não é o alongamento que garante proteção contra possíveis
lesões durante a musculação. “A melhor maneira de contar com esse auxílio é
fazendo um aquecimento pré-treino, para despertar os grupos musculares que
serão utilizados naquele dia”, conta Bianca Foschini. A especialista recomenda
começar com um aquecimento geral — na esteira, bicicleta, transport ou
step — e, na sequência, partir para um aquecimento mais específico, que
pode ser feito no primeiro aparelho indicado para o treino do dia. “Como é só
para aquecer, use uma carga com 50% a menos do peso indicado para as
séries normais”, ensina. Depois, é só seguir com o programa normalmente.
11. Usar caneleiras na esteira ou na bicicleta
Para aumentar o gasto
energético, alguns praticantes fazem uso da caneleira durante os exercícios
aeróbicos. “Realmente a queima de calorias aumenta, porque há mais esforço. No
entanto, o peso da caneleira muda o padrão de movimento proposto pelo
aparelho, gerando instabilidade. É perigoso, pois força muito as
articulações e pode lesionar o tornozelo, o quadril e o joelho, dentre outras
áreas”, alerta o professor da Fórmula Academia. Para ele, o melhor é aumentar
o volume ou a intensidade do exercício a lançar mão desse acessório. Reserve-o
para os exercícios de musculação, ok?
12. Falta de diversidade nos exercícios
A eficiência de um
programa de treino está relacionada ao desafio que ele representa ao seu corpo.
Por isso, uma atividade que é feita continuamente, certa hora deixa de dar
resultado. “Nosso corpo se acostuma ao estímulo e, mesmo se aumentarmos a
carga, a resposta não é satisfatória, pois ele já está muito adaptado”,
explica o professor Rodolfo Pavanelli. O jeito é variar mesmo. Converse
com o seu instrutor. O ideal é que as alterações aconteçam a cada quinzena
ou dentro de um mês, no máximo.
13. Respirar de forma incorreta
Quem nunca sentiu
aquela dorzinha aguda, na lateral do abdômen, enquanto corria na esteira ou
realizava uma série de exercícios mais pesada? A causa do incômodo, acredite, é
a respiração incorreta. Acontece que, quando respiramos de forma curta e
acelerada, o músculo do diafragma é obrigado a se contrair e relaxar em
intervalos muito pequenos, gerando espasmos e, assim, a dor. Por isso, fique
atenta: se ao respirar o seu peito infla antes do que o seu abdômen é
porque algo está errado. Ao inspirar, sinta sua barriga se encher de ar.
Depois, expire e vá liberando-o bem lentamente. Quando você começa a
prestar atenção nesse processo, ele se torna automático, refletindo
positivamente no seu desempenho. Pode apostar!
14. Forçar o pescoço durante os abdominais
Nas primeiras
repetições, os abdominais fluem que é uma beleza. Dá até gosto de ver. Mas,
algum tempo depois, a força vai dando lugar ao cansaço e aí a gente tenta dar
aquela ajudinha com a mão de apoio para empurrar o corpo para frente. O abdômen,
então, deixa de ser trabalhado e começamos a machucar a região do pescoço,
que fica sobre forte tensão. “Um bom jeito de evitar isso é manter a
mesma distância entre o queixo e o peito durante todo o movimento”, ensina
Rodolfo Pavanelli. Mas, se mesmo assim sentir dificuldade, experimente
apoiar levemente as mãos na altura da orelha ou mantê-las cruzadas sobre o peito.
15. Realizar os exercícios em jejum
Na ânsia de perder
peso, muita gente prefere praticar suas atividades em jejum, acreditando que
isso auxilia no combate aos pneuzinhos. No entanto, o feitiço cai contra o
feiticeiro. A energia que é gasta durante os exercícios vem dos nutrientes
ingeridos. Se a pessoa não se alimenta adequadamente, pode sentir fraqueza
ou fadiga precoce, o que atrapalhará seu rendimento e, consequentemente,
diminuirá o gasto calórico. E não para por aí: a falta de nutrientes aumenta
a produção do hormônio cortisol, relacionado ao estresse e à queda da
imunidade. O organismo também se adapta à falta de alimentação, desacelerando o
metabolismo, mesmo em estado de repouso. E assim, fica muito mais difícil
queimar as gordurinhas. Então, trate de abrir a boca. Sem exageros, é claro. Na
dúvida, consulte um nutricionista.
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